quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Le Corbusier e a Villa Savoye

Polemista, pintor, escultor, planejador urbano, artesão e arquiteto, Le Corbusier, Charles-Edouard Jeanneret-Gris foi o arquiteto mais inventivo e poético de todos os tempos. Le Corbusier nasceu na Suíça no povoado de La Chaux-de-Fonds; seu pai gravava estojo de relógios e era isso que “Corbu”, assim que era conhecido, fazia antes de conseguir uma bolsa e partir em viagem não apenas pela Grécia, Itália, Bálcãs, Ásia menor e norte da África, mas também pelos estúdios e ateliês de alguns dos mais radicais arquitetos europeus do início do século XX, entre eles Peter Behrens em Berlim e Augusti Perret em Paris.
Embora suas primeiras casa tenham sido desenhadas no estilo artes & ofícios, logo se tornou um dos primeiros mestres da villa branca modernista, pouco depois de se estabelecer em Paris, em 1917. Em seu livro Vers une architecture(1923), no qual fazia uma curiosa ligação entre templos gregos, catedrais góticas, aviões, carros e transatlânticos com a nova arquitetura que ele descreveu famosamente como “o jogo primoroso, correto e maguinífico de massa reunidas na luz”. Ele também descreveu a casa como “uma máquina onde viver”, esse dito foi incompreendido por muito tempo, “Corbu” não estava defendendo casas semelhantes a maquinas, mas casas que fossem tão belas e eficientes quanto as melhores das novas maquinas. Apesar de muitas vezes ser ignorado, quase que no mesmo fôlego, ele disse: “a arquitetura ultrapassa as necessidades utilitárias”. Além de projetar cidades ideais do futuro e desenvolver, ao longo de 20 anos, seu próprio sintema proporcional – o Modulor – Le Corbusier mostrou ao mundo sua primeira villa branca radical na forma de um pavilhão na importante exposição de Art Déco de Paris, em 1925, o “Pavillion de L’esprit Nouveau” .
Sua primeira casa madura foi a Villa Savoye, em Poissy, perto de Paris (1929 - 1930). Erguida em colunas chamadas pilotis que libera o edifício do solo e torna público o uso deste espaço antes ocupado, permitindo inclusive a circulação de automóveis. Esta fachada livre é uma característica não só da villa Savoye mas da maioria de seus projetos. Uma outra característica predominante em sua obra é o terraço jardim que se torna habitável em contraposição dos telhados inclinados das construções tradicionais.
Sua independência entre estruturas e vedação, fachada sobre pilotis, cria um resultado direto, que é a planta livre, que possibilita maior diversidade dos espaços internos, bem como maior flexibilidade na sua articulação. Sua fachada livre, também permitida pela separação entre estrutura e vedação, possibilita a máxima abertura das paredes externas em vidro, em contraposição às maciças alvenarias que em outros casos recebia todos os esforços estruturais dos edifícios. Sua janela em fita, além de criar uma interação com os espaços circunvizinhos e dar um ar de continuidade em sua fachada também se trata de aberturas longilíneas que cortam toda a extensão do edifício, permitindo iluminação mais uniforme e vistas panorâmicas do exterior, e só foi permitido pela independência entre estruturas e vedações.
A utilização destes Cinco Pontos para uma Nova Arquitetura aparece já nas primeiras casas projetadas pelo arquiteto, embora restrições diversas como dimensões reduzidas de terrenos ou excessiva complexidade programática tenham impedido sua realização integral. Apenas na Villa Savoye tais pontos são integralmente realizados, e o próprio Le Corbusier reconhece a casa como uma síntese do seu trabalho anterior, reunindo soluções criadas para vários de seus projetos de residências anteriores.
A villa savoye foi um marco na história da arquitetura, é uma das obras mais importantes de Le Corbusier. Com suas cores simples, ela consegue misturar o que há de mais moderno, mas também o que há de mais clássicos, seus ângulos exatos e sua presença única. Suas colunas dão origem a um vão totalmente aproveitável; possibilitando interações entre os meios; suas linhas simples dão leveza a obra que “combina” totalmente com o ambiente bucólico que se encontra no fundo. No contexto em que foi construída, quebrou vários tabus em relação a uma padronização das construções, sendo lembrada até hoje.

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