quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Belo Horizonte: A primeira cidade projetada do Brasil!

Em 1891, foi formulado pelo presidente de estado Augusto Lima, um decreto que sugeria a transferência da capital mineira de Ouro Preto para Belo Horizonte, por uma melhor localidade e melhores condições de acomodação para expansão e crescimento urbano. Tal expansão seria feita de forma urbanisticamente planejada e organizada, o que foi alcançado no projeto de Aarão Reis. Por ser criada na mesma época de Paris (França), possui vários elementos marcantes que se confundem, sendo um exemplo, a praça da Liberdade. Aprovado em 17 de dezembro de 1893, a lei nº3 foi adicionada na Constituição Estadual. Hoje em dia, esta cidade é considerada a terceira maior cidade do Brasil.


1) Praça da Liberdade:
Sua construção foi iniciada na época da fundação da nova capital (1895-1897). A delimiatação marcante na praça pode ser encarada como um plano, onde as retas formadoras expressam direção, movimento e desenvolvimento, sendo visível o comprimento, formato e posição do plano. A mesma também serve para circundar os elementos visuais dispostos na praça.
Se entendermos que a repetição de elementos semelhantes, se contínua, pode ser considerada uma reta, então veremos o traçado interior da mesma, uma linha horizontal, que forma um corredor com suas palmeiras imperiais, definindo o plano do solo e divindo-a em outros dois planos, criando assim uma tensão visual separando ponto e plano e delimita um espaço urbano ao redor em constante crescimento.
Em uma das extremidades da reta encontra-se o Palácio da Liberdade, que pode ser considerado como um ponto deslocado de seu centro, posicionado estrategicamente, ligando-se à entrada da praça.



2) Ed. Niemeyer e Biblioteca Pública:
Nas décadas de 50 e 60, prédios modernos foram incorporados ao conjunto da Praça; como o Edifício Niemeyer que com uma base de linhas verticas equilibra e eleva linhas curvas dispostas paralelamente dando volume e forma particular a sua estrutura; e também a Biblioteca Pública Estadual, seus elementos verticais são representados por uma malha de colunas para sua sustentação permitindo um fácil acesso ao seu interior e delimitando os limites penetráveis; sua fachada de vidro alongada e representada por linhas no sentido horizontal, transmite um ar de transparência e continuidade com os espaços circunvizinhos, interagindo o exterior com o interior.



3) Praça Raul Soares:
A praça Raul Soares foi construída em 1936, e é considerada uma das principais de Belo Horizonte. Seu centro gera um ponto de convergência de algumas das principais avenidas de Belo Horizonte, funcionando como um ponto de encontro. Em seu arredor, localiza-se o conjunto JK, que é constituído de dois edifícios, um com linhas que crescem na vertical e outro que cresce na horizontal, sendo assim é visível que suas linhas, em conjunto, formam uma predominância de planos formando um volume no espaço.



4) Praça Sete:
Em 1922 afim de comemorar os 100 anos da independência brasileira foi criado o monumento da Praça Sete. O marco da praça é constituído de uma forma linear vertical e é visto no plano como um ponto, não possuindo dimensão, marcando visivelmente uma posição no espaço. Geralmente elementos como este tem sido utilizados ao longo do tempo a fim de comemorar eventos significativos e estabelecer pontos determinados no espaço. Ele se encontra no cruzamento de duas das principais avenidas de Belo Horizonte e as linhas de desenho destas vias circunda o elemento visual da praça, o “Pirulito”. Ao seu redor e ao longo de toda Afonso Pena, as esquinas são delimitadas a partir do desenho do prédio que a contém, carregando a autenticidade dessa capital.



5) Avenida Afonso Pena:
A avenida foi projetada para funcionar como eixo norte-sul do perímetro urbano da “Cidade de Minas Gerais” e inaugurada em 12 de dezembro de 1897. A planta original de Aarão Reis concebeu a Afonso Pena como a mais larga via da cidade. Sobre um olhar técnico, observa-se que a avenida forma linhas imaginárias que levam a um ponto, criando um foco único (ponto de fuga), tendo como fundo a Serra do Curral. Ao longo de seu comprimento, que é basicamente definido por três retas, esta avenida é dominada por altas construções com diferentes propriedades de tamanho, cor, forma e textura, nas quais o espaço formado pelas paredes, piso, teto e/ou cobertura determinam seu volume.



6) Prefeitura Municipal:
O prédio se caracteriza por representações de linhas com diferentes graus de espessura, tornando visível essa diferença, onde formam treliças que proporcionam uma definição e delimitação do espaço externo e permitem passagem de luz e ar. Há uma predominância de linhas verticais que expressam equilíbrio; já as horizontais representam estabilidade com o solo. Sua entrada é representada por colunas de concreto armado que dão um apoio ao plano superior – entablamento. Também as mesmas formam retas paralelas que descrevem um plano definido, e os vazios originais formam interrupções da superfície. Essa representação serve para determinar a fachada do edifício, principalmente por ele ser o elo político da cidade e dar de frente para um espaço cívico, passando um ar de transparência e intimidade.



7) Análise da planta geral de Belo Horizonte:
Projetada por Aarão Reis em 1894, o engenheiro usou elementos chaves que incluem uma malha perpendicular de ruas, cortadas por avenidas na diagonal; quarteirões com dimensões reguladas, e uma avenida em torno: Avenida do Contorno (seguindo as tradições urbanísticas americanas e européias do século XIX). Belo Horizonte possui a disposição de bairros residenciais nas bordas e a área comercial no centro da cidade, como uma zona de transição existe um boulevar circundante que articula os dois setores. Observa-se também uma abundância de parques e praças, com uma grande área arbórea, o Parque Municipal. “Foi organizada, a planta geral da futura cidade dispondo-se na parte central, no local do atual arraial, a área urbana, de 8.815.382 m², dividida em quarteirões de 120 m x 120 m pelas ruas, largas e bem orientadas, que se cruzam em ângulos retos, e por algumas avenidas que as cortam em ângulos de 45º.
Às ruas fiz dar a largura de 20 metros, necessária para a conveniente arborização, a livre circulação dos veículos, o trafego dos carros e trabalhos da colocação e reparações das canalizações subterrâneas. Às avenidas fixei a largura de 35 metros, suficiente para dar-lhes a beleza e o conforto que deverão, de futuro, proporcionar à população (...)”

Aarão Reis

1 interesses nesse post:

Unknown disse...

Ótimo texto! O que se convencionou chamar "cidade criativa" é extremamente afetado pelo planejamento urbano, responsável pelo fluxo e a entrega de conteúdos para os seus habitantes. Parabéns!